Cacos de lapsos em colapso

É só mais um traço em garrancho no papel, no tecido da tela ou na aquarela do céu. Diante da razão, a imaginação converte a solidão, fazendo assim surgir, aqui e ali, os vários pingos dos ‘i’s, que ao cair começam a produzir reticências.

Assim viajo sem malas, impulsionado por molas, num universo de bolas pairando no espaço por onde passo, refaço-me, sempre que posso. As molas de aço, por acaso se abraçam. Se me distraio: subitamente caio, viro bagaço.

Tudo bem, feridas sujeitam-se a rimas e os pés de molas de outrora. Agora, volto a calçar. Porque uma ou dúzias de quedas, apesar das reladinhas, faz com que uma estorinha vire memória, adquira glória e se torne história.

De volta a escrivaninha do espaço, deixo-me voar em relapso, colido com ideias e atos, fotos e fatos. E assim, desato antigos laços. Desgasto com gosto as molas de aço que tornam a entrar em colapso.

Minha atitude rude, faz-me perder altitude e diante dessa amplitude, colo cacos de lapsos em colapso. Difícil de consertar como vaso quebrado; Colar de cordão apartado, que diante da impaciência me faz pensar: Se desse, eu descia disso! Tomava um chá de sumiço, viraria pó! ficaria só!

Mas aí vem o sol, somente para mostrar que a luz do céu tempera o mar com sal. Não por gosto, nem desgosto. Apenas para revelar em meu rosto o sabor da lágrima que da fonte emergente guarda, profundo mar singular.

Diante do espelho, vejo a prisão dos desejos num olhar que cabe o mundo…. De onde a mente vem, lá estou também e escolho ser alguém ou ninguém… Das quedas nasceram cascos. Insisto no impulso de outrora. Sou silhueta na aurora tentando ser sal no mar, querendo alcançar o sol e desbravar todo o céu.

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