Cangaceiros

Do alto da ribanceira,
à sombra de catingueiras,
vultos encouraçados
com três estrelas na cabeça.

Ora, bando de capetas!
Virados num mói de coentro,
riscando o chão pardacento
E distribuindo tiros.

Uns dizem: eram bandidos!
Outros: heróis do sertão!
São tantos adjetivos,
que as contas se perdem na mão.

Cabra-macho, fi duma égua;
que metia medo às léguas.
Beiço virado, chapéu arribado,
sorriso nos lábios, olhar arredio.

Nome de bicho, diacho de gente.
Coisa varrida, vida banida.
Palavra sustenta nos dentes!
Tabocada no pé da orelha.

Tiro de fuzil e facada certeira.
Cangaceiros por trás duma cerca
eram jagunços selvagens;
Raposas no faro de ovelhas.

Jiquiri, xique-xique e rasga beiço;
Carne-seca com água de barreiro.
Corpo fechado, oração de benzedeira;
Toco envultado; cupinzeiro de toda maneira.

Pouco “coroné” dominava
um encouraçado amigo das almas.
Plantadores das botijas no verão;
Piratas do agreste e sertão.

Quem inventou essa gente?
Pobreza, fraqueza ou riqueza?
Teorias fundamentam incertezas…
Sobraram histórias antigas.

Cantorias e memórias
de guardiões enfadados.
Que narram para os vindouros
as ranhuras do passado.

De um tempo em que o sertanejo temia
chapéus arqueados por riba,
ao som de “mulher rendeira”
No meio da caatinga.

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