Quem diria que o dia da mentira
Se expandiria em 365 dias.
O que antes se fazia em pitadas,
hoje é prática comum nas calçadas
de qualquer rua crua ou virilha de avenida.
E o dia cuja esperança existia
de não haver em dia algum.
Comemora-se todo dia.
Todavia, tudo havia para que esse dia
fosse apenas um.
Caiu na rotina, pingou na retina ardida.
Puxou palavrão, agouro e mandinga.
E não há indivíduo que diga
somente a verdade e nenhuma mentira.
Não importa a idade, eis uma grande verdade:
Não mentir na ida, mente na vinda.
Sem mais, a verdade é coisa de gente antiga.
Singularidade quase perdida;
qualidade de poucas famílias;
bom costume isolado em pequena ilha.
Onde vive-se a crueza da vida,
abrindo e fechando feridas
com a feiura da verdade.
Jamais, com a beleza da mentira.
E qual é mesmo o dia?
Dessa certeza invertida?
Alguém gritou de lá: Todo dia!
Sabia! Por isso que o povo ria,
nas correntezas do rio.
Saturei-me da grande cheia,
enxurrada de puro vazio.
Perguntaram-me: o que te chateia?
Disse eu: a put a keep are you!
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