Certa vez, um alvoroçado.
Desses chamados: “doidos de lua”.
Admirando o clarão de um lindo céu de algodão,
Fitou com assombro a sombra de um sonho.
Silhueta marcante a vagar em breves instantes.
Fazendo devanear naquele lugar, o doido itinerante.
Deitado sobre um lajedo, delírio vivo em desejo,
Fartava-se num único semblante.
Sobre as nuvens, dirigia um veículo sem volante.
Na escuridão mergulhava e na luz uma amante emergia.
Namorava a morena pequena que de lá acenava e sorria.
Deslizante como água, mostrava-se e depois sumia.
Bicha safada! o doido falava enquanto se divertia.
Se eu fosse poeira fina ou vapor d’água cristalina…
Te prendia numa nuvem pesada; tirava-te daí de cima!
No meu barreiro te banharias. Dormiria em cama de palha,
Tomaria café ou chá de canela; comeria cuscuz com galinha.
Teu suor de pele morena, silhuetaria nas curvas do meio-dia.
E eu? Armaria… Te amaria como rainha.
Deixaria essa loucura, abrandar-se em tua lisura.
Pois, com tamanha formosura, até um doido de lua,
Na rua não sairia e na casinha do mato para sempre viveria.
Dormindo num sonho acordado, banhando-se em alegria.
Num alpendre todo cercado pela sombra de um alastrado.
Te veria num vestido listrado de luz, sombra e poesia
Diante de tua nudez, calar-me-ia de vez e em teu beijo me afogaria.
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