Mergulhando numa xícara de café

A vida é graduação em curso. Que em certos momentos faz nossas mentes criarem monólogos, projetando a solidão para o mundo real, duplicando a nós mesmos. Fazendo-nos ser o agente das perguntas e respostas.

Certa vez, mergulhei numa xícara de café… Olhei tão insistentemente para aquele recipiente de bordas brancas, emoldurando um líquido preterido e enfumaçado. Líquido que esteve presente diante de grandes decisões; que manteve mentes inquietas acordadas por algumas horas a mais, permitindo o surgimento de grandes ideias.

O café tem esse poder, de fazer-nos pensar, para olhar para fora e para dentro. De repente, me vi num intenso mergulho, atravessando a fumaça, caindo por inteiro nas profundezas de uma única xícara de café. Lá embaixo, apenas a escuridão. Nenhuma distração se quer.

Percebi que a solidão habita lugares e momentos assim. Onde o isolamento e o silêncio estiverem. O que é a solidão senão um palco de nossas percepções? Ela vai além de estar acompanhado. Pois, é possível estar no meio de uma multidão, e nela permanecer só.

No fundo da xícara, restos do pó. A essência de onde vem o odor agradável da bebida, capaz de absorver toda luz num pequeno recipiente. Assim é a mente humana, como uma xícara de café. A cada gole, uma pausa, um pensamento, um reflexo, um descanso, uma ideia.

Espaços temporariamente vazios na mente vão sendo preenchidos e o que pensamos, combinado ao nosso estado de espírito, faz nascerem coisas novas. Essas coisas, emergem do mundo das ideias e com nossa permissão saltam para fora ou permanecem aprisionadas. Mas, o que deixamos escapar? E o que aprisionamos?

Podemos libertar e prender aquilo que faz-nos evoluir, emergir após um mergulho, ou permanecer no fundo de nossas ideias para então sermos consumidos por elas. Assim, é a mente humana, como uma xícara de café. Onde podemos nos afogar na escuridão ou apenas degustar um simples prazer e externar as coisas grandes que a mente é capaz de produzir.

Toda hora é hora para refletir a vida e as coisas que realmente importam. Permita-se mergulhar numa xícara de café.

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