No vermelho do meu elixir marrom

Despertei quando tudo ainda era a escuridão…
E o tempo mudo ganhou pulso, virou melodia.
Vi as sombras do mundo rasgando o chão.
E a vida fria aquecendo-se em perspectivas.

Vibrava em nuances douradas,
Frondosa vegetação nativa.
O raiar do dia, tão cedo invadia
a janela, o café e a cozinha.

Tingindo a mesa, avermelhava a água preterida.
O sol no céu encarava-me face-a-face.
Naquele breve momento eu sentia;
O sol era Deus a dar bom dia!

Era a esperança pagando promessa
Antecedendo qualquer conversa.
Era um verso sem falas no silêncio da sala;
Era a paz reprisando seu repouso.

No meu café banhado ao sol,
Aceitei com fé a missão do dia.
Como os pássaros, novamente voaria
A cantar, viajar e viver em harmonia.

Desde minha juventude já sabia:
Este mundo de belezas que eu sentia
Era apenas a versão que eu queria.
Vi no simples o melhor do perfeito;
Apesar de minhas desfeitas e defeitos.

No vermelho do meu elixir marrom:
Água, açúcar e cafeína diluída.
Revelavam com a alquimia do que vinha de cima,
A pequenez suave que de cor e luz se vestia.

E o que era de mim senão um pedaço
De velhas auroras em puro mormaço,
de ideias de outrora a criar laços
com o tempo, o vento e a vida.

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