O planeta de todas as cores

Certa vez, quisera o sol enciumado, encarar de perto o planeta de todas as cores. Para ele a lua vivia a despir-se mostrando partes de sua intimidade até o ato final. O sol com sua intensidade luminosa, queria para si a lua nua que poucas vezes viu despir-se. A luz que produzia estourava-lhe a visão das belas crateras que para alguns da terra, torou-se São Jorge e o Dragão.

Diziam os demais astros, que as cores da terra, eram o vislumbre translúcido de inteira satisfação. E o esnobe planetinha colorido, como um corcel impetuoso, desafiava o astro-rei. Girava em seu entorno, adaptando-se a intensidade dos raios. Assim surgiram as quatro estações de beleza singular. Na vida e na morte, o tal planetinha aprendia a trocar de vestimenta.

Betelgeuse, gigante do universo, mandava sinais para a constelação de Pégaso. Mostrava a cara enciumada do sol, que mal sabia que tudo o que fazia para queimar dito planetinha, a ele trazia mais força e beleza. Tanto que a cada dia, a lua a ele pertencia.

Marte, sempre fingindo-se de morte, chegou a dizer a um cinturão de asteroides: “Quando a lua de longe me olhava, o sol e seus raios me afastavam para longe da zona habitável. O planetinha de cores, sempre foi mais esperto! Tratou de criar estações e observar as distâncias de perto. Segurou seu posto e hoje reina, repelindo as pedras do espaço e vestindo-se de cores e abraços“.

Com o tempo, o sol desistiu, fez amizade com “Terra” que o convidou para assistir o show da lua a se despir. Ensinou ao sol a arte de refletir. Pelos ventos solares, vieram as auroras a colorir o céu dos polos que até hoje vigora. E o sol pelo espectro boreal, observou encantado o espetáculo da lua nua.

Acabou o caos e toda confusão, a terra alegrou o sol sem perder a lua e prometeu a marte que aos poucos convenceria, o amigo sol a devolver-lhe a vida que coubera-lhe um dia. O planetinha de todas as cores, observando a valsa do universo, ensinou o homem a fazer versos, preencher tudo com rima. Criaram o violino, tambores, flautas e sinos, pianos, harpas e cítaras. Não importa quantos outros planetas lá fora tivessem vida. A terra da Via-Láctea, é moradia de artistas. As ervas e bestas são mestres nas cores, luzes e formas.

O mundo é uma tela viva em aquarelas, paisagens bucólicas, cidades cubistas e rasuras pós-modernas. Os prédios são como pincéis a apontar o céu cintilante. Não é por acaso que a lua brilhante, diante da terra se entrega e agita o mar. A dama da noite aprecia a arte, e se envaidece com sua nudez refletida nas águas dos rios ou na profundeza de olhares perdidos enquanto a admira. É por isso que a terra, com todos os defeitos, é o paraíso.

Compartilhe:
Traduzir »