Sob o clima jaz dos capotes

Percorri a cidade encharcada
enquanto a neblina escondia
o além que dali eu não via.
Era o céu sob um véu na avenida.

Buíque era pura frieza,
inteira brancura em ruas vazias.
Poça, gotejo, silêncio e beleza
valsando num mar de albinia.

Mergulhei no profundo vazio.
Tremulavam meus lábios no frio.
E o vento, em rebento,
discorria notas nas esquinas:

Ré, Mi, Fá, Dó…
Acordes que se faziam
nas curvas que me escondiam
Num horizonte apagado.

Sob um casaco cinzento
e touca enegrecida,
vaguei na alvura da Sede,
Sumi solitário na via.

Sob o clima jaz dos capotes,
ausentaram-se casarões de outrora.
Perdurou a matriz que vigora
com o museu e sua rosa-dos-ventos…

Testemunhos dos velhos tempos
que se inteiram no agora.
Cada curva é uma lembrança,
cada dia, em cada via, uma nova história.

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