Tudo isso foi Buíque ou ainda é

1614 é já andava gente por cá.
Salitre, prata e ouro
estavam a procurar.
Até que um tal de Lopo
achou as minas que outros
não conseguiram explorar.

Nicolau Aranha Pacheco,
Nos Campos do Buíque
Soube da Prata e o Salitre;
Riquezas da região.

Apoiado pela bonança
De Ambrósio Aranha de Farias,
Pedro Aranha Pacheco
e Cosme de Brito Cação.

Fizera fazendas e sítios
que hoje formam distritos.
Alguns são municípios,
vizinhos desse mourão.

Fazenda da lagoa,
Pedra de Puxinanã,
Sítio Cachoeirinha,
Cruz do Aranha e Cafundó.

Fazenda Grande, sítio Gravatá,
Cabo do Campo e Lameiro.
Fazenda Mocó, sítio Mororó,
Macaco e Lagoa do Negro.

Fazenda Serrinha e Olho d’água do Mato,
Batinga, Pilões, Catimbau e Mina Grande;
Santa Clara, Maniçoba, Salina e Serra Batista.

Cachoeirinha e Cachoeira;
Riacho do Confim, Panelas, Gameleira;
Quiridalho, Priaré, Puiú e Cana Brava.
Manari e Priapé. Tudo isso foi Buíque ou ainda é!

Tanque, Mota, Barra e Cigano;
Cágados, Charco e Brejo de São José.
Amaro, Malhada Branca e mais um bocado.
Tudo isso foi Buíque ou ainda é!

Gameleira, Águas Belas, Moxotó e Ibimirim;
Tupanatinga e Pedra. Desde muitas primaveras…
caatinga e salitre formava os Campos do Buique.

São Domingos é Guanumbi
Carneiro é também Alcobaça
Catimbau não vem do tupi
É termo vindo da África.

Em dezembro de 1700, vieram buscar salitre.
80 casais indígenas, fizera a extração.
4 éguas, 50 vacas em fazenda pastoril
para explorar essas minas, nos confins do Brasil.

Félix Paes de Azevedo
e Nicácio Pereira Falcão,
A Fazenda Lagoa, compraram.
E com ela, prosperaram.

Após a morte do irmão,
Félix fez a doação.
500 braças em quadra
Ao santo de devoção.

Ali se construiria
a capela do santo Félix
que o deixara feliz.
Outrora demolida,
A nova igreja construída
Tornou-se a nossa Matriz.

A braça: velha medida
fora substituída por centímetros e metros.
Não aceitando aquilo,
vieram os quebra-quilos,
fazer baderneira na feira.

Mas era aquilo um protesto.

A Vila no entorno da igreja,
cidade logo virou.
Recebeu o padre Lelou,
João Ignácio e outros tantos.

Também veio Graciliano,
Ramagem da Maniçoba.
Descrevendo a cidade
Com sua saudosa memória.

Buíque virou história
nos flashs de sua infância.
E alguns de seus personagens,
são gente dessa cidade
que habitam velhas lembranças.

Vieram os coronéis
dominando a prefeitura.
Na época em que os cangaceiros,
De janeiro a janeiro
Trilhavam o sertão no mormaço.

Surgiu daqui: jararaca,
Duca Queixinho, Manoel e Belo Apragata,
Pedro Gavião, Candeeiro,
Antonio Leite, Serra Branca,
Maçarico e tantos outros
que nossa história é quem conta
pelas veredas do passado.

O Farsola foi povoado
por negros vindos de longe.
Quilombos foram formados;
ficaram ali consolados,
com o que não tiveram antes.

Saíram do “Velho Mundo”.
Fugitivos de Palmares.
Voltando a ter liberdade
nas terras do “Mundo Novo”.

Os kapinawás fizeram guerra
contra fazendeiros e grileiros.
Cortaram os arames da afronta,
dos que lhes tomaram à força,
as terras que um dia perderam.

e os flagelados da seca
clamaram a Deus e aos homens.
Correram até a prefeitura
dizendo em coral “Tenho fome”.

Alguns não sobreviveram,
vitimados por várias pestes.
Tracoma, cólera e gripe,
fizeram brotar cemitérios.

A história tem seu lado triste
e ampara seus sobreviventes.
O bró e a água suja acabaram
E os dias ruins se apagaram.

Miguel Henrique de Araújo
e o amigo Sebastião França;
cavando pedras em serras caboclas,
Foram vistos como “gente louca”.

Acabaram acharam minérios;
Revelaram antigas pinturas.
Surgiram esqueletos da terra.
E por conta dessas descobertas,
Buíque crescera em cultura.

Mapearam todas as serras,
de beleza sem igual.
Brotando assim, nesse Vale:
O Parque Nacional do Catimbau.

Turismo, cultura, pintura, escultura;
Madeira entalhada, cerâmica moldada,
E palavras lançadas em livros.
É Buíque em cada curva
e na face de cada indivíduo.

Meu rei, Sadabi, sociedade adâmica…
Um centenário senhor de origem curiosa.
Quase se eternizou, dinheiro até inventou,
Tomando a misteriosa água abstratosa.

Graciliano Ramos e José Soriano Neto
Cyl Gallindo, Paulo Tarciso,
Leonardo Rogério, Manoel Modesto.
Os irmãos Cidinaldo e Cenildo Ramos,
E tantos outros não citados,
Eternizaram Buíque, em palavras contos e retalhos.

Zé Bezerra e seu pioneirismo;
Luiz Benício e Simone Souza;
Fábio Ramos e Jarline Silva,
transformam a madeira morta
Numa horta de arte viva.

Célio Roberto, retratista da alma.
Coloca no barro todos os traços.
Por pouco não exagera no talento,
E dá voz a suas obras, vivas em breve momento.

Quitéria Francinete e Billy Kid.
Pintam, serram moldam e recriam.
Estes e tantos outros dão identidade
A cultura que envaidece esta cidade.

Buíque é sobrenome de gente;
Lugar de botijas e assombros;
Minérios, sortilégios e sonhos
que encanta a quem visitar.

É por isso e tão somente
Que no dia 12 de maio
Buíque não faz aniversário
Faz marcar novos ciclos
De pressagiosos talentos
Estes que a todo momento
desabrocham em sentimento,
Figura, forma e verso.

Do mais simples ao controverso,
Buíque se faz multiverso.
É história, memória e cultura.
Hora palavras, hora pinturas,
É escultura moldada, cantada,
Falada e calada em seu próprio burburinho.

Buíque não caberia num só pergaminho
E por onde avistar um caminho
Adiante e durante o percurso,
Qualquer um de seus visitantes
beleza haverá de encontrar.

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